Filho do Fogo

Filho do fogo?!? Desperta tu que dormes.

Naquela manhã tudo parecia diferente, o sol brilhava intensamente embora estivéssemos no mês de julho. Sentia um desejo ardente de me debruçar nas páginas daquele livro que chegara em minhas mãos de um modo tão especial e divino. Ele me havia sido oferecido com um gesto terno de amor. Logo no início o prefácio me indicava o que Deus estava tentando me ensinar “O caminho da sabedoria”.
Iniciei a leitura com grande entusiasmo como sempre fazia diante de um novo livro. Na realidade, estava com grande expectativa com a leitura. Meus pensamentos divagavam na quase absoluta certeza que, teria um encontro com o Espírito Santo como tivera com outras leituras.
No entanto, não foi bem assim que aconteceu. Naquela manhã estava em um propósito especial de jejum e oração e lia o livro de Atos, pois sentia ardentemente a vontade de desvendar os segredos da igreja primitiva, uma igreja que crescia em números, milagres. Forte era a presença de Deus no meio do povo através do poder da ação do Espírito Santo.
O Espírito Santo me direcionava no caminho da minha libertação espiritual através da doutrina bíblica do Espírito Santo e sabia que meu jejum estava sendo aceito.
Diante dos meus olhos o vislumbrar de uma verdade bíblica especial e divinamente bela. Registrada no livro de Atos 10:38 concernente a Jesus de Nazaré, como Deus o ungiu com o Espírito Santo e com poder; o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do Diabo, porque Deus era com ele.
Naquela tarde ao chegar do trabalho me debrucei sobre o livro e o lia compulsivamente. Fiz um telefonema e movida por um sentimento incerto, resolvi aceitar o convite para passar a noite fora de casa, um pouco contrariada comigo mesmo, pois a leitura estava fascinantemente envolvente.
Fechei o livro, com certo pesar, afinal aquela leitura me envolvera de um modo estranhamente diferente. Dirigi-me até o banheiro e tão de repente passei a sentir um medo repentino que me envolvera estranhamente. Sentia como que, sendo observada por algo que me oprimia e de algum modo queria o meu mal.
Imediatamente sem forças para iniciar uma oração fiz a leitura rápida do salmo noventa e um, que por algum motivo o Espírito Santo havia me direcionado a colocar em cada cômodo da minha casa.
Terminei de me arrumar muito rapidamente, pois o medo sempre foi uma das minhas fraquezas espirituais e queria sair o, mas rápido possível daquela situação. Até aquele momento, não associei aquela situação de opressão com a presente leitura que iniciara com tanto entusiasmo naquela manhã.
Ao chegar na casa do meu namorado, logo na entrada, não nos entendemos muito bem e já nos estranhamos por um motivo aparentemente tolo. Sentamos na sala, entre uma conversa e outra, a televisão ligada. Ele pede para ver o livro, pois o modo como ele chegara a minhas mãos despertara a curiosidade tanto minha quanto dele, enfim. Ao ter o livro em suas mãos, algo o incomodou e ele questionou a leitura, sugeria insistentemente que eu não lesse o livro “Filho do Fogo” e aquela situação causou um grande mal estar entre nós.
Uma tensão e um medo quase que insuportável pairou sobre mim, e me sentia humilhada com a situação, afinal era um testemunho de cura e libertação, como ele poderia questionar a espiritualidade daquele “Livro” aparentemente cristão.
Uma observação sobre o livro me despertou para a realidade daquele momento e ouvi cada palavra com atenção e já não tinha tanta certeza que devesse lê-lo.
O livro na sua introdução não apresentava uma dedicação a Deus e isso era no mínimo estranho para um verdadeiro cristão liberto e curado.
Naquele momento pensei comigo mesmo, Deus vai me dizer se devo ou não lê-lo, de algum modo gostaria de continuar com a leitura.
Meu orgulho não me permitiria assumir uma posição naquele momento sem antes ter um sinal de Deus específico.
Naquele mesmo instante fui envolvida por uma situação horrorosa de medo, humilhação, orgulho e divisão. Sai abruptamente daquele apartamento sem muitas certezas e me sentindo muito oprimida pelo diabo.